Ordem dos Médicos distingue técnica “mais eficaz” para o tratamento da diabetes
28 de Agosto, 2019
ArtigosCirurgia

Ordem dos Médicos distingue técnica “mais eficaz” para o tratamento da diabetes

A nova técnica para tratamento da diabetes e obesidade ‘bypass gástrico metabólico’ é diferente do tradicional porque “coloca as células que produzem hormonas antidiabéticas numa posição estratégica”.

A Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) vai distinguir esta quinta-feira com o ‘Prémio Banco Carregosa/SRNOM’ uma equipa de médicos e investigadores que provou que o ‘bypass metabólico’ é “mais eficaz” no tratamento da diabetes e da obesidade.

“Esta investigação parte do desenvolvimento de uma técnica cirúrgica para a obesidade, que demonstrou ser mais eficaz do que as outras técnicas no tratamento da diabetes”, afirmou Mariana Monteiro, vencedora da 3.ª edição do ‘Prémio Banco Carregosa/SRNOM’.

Em declarações à Lusa, a endocrinologista explicou que a nova técnica, intitulada ‘bypass gástrico metabólico’ e desenvolvida pelo cirurgião Mário Nora (membro da equipa) é “significativamente diferente” ao bypass tradicional porque “coloca as células que produzem hormonas antidiabéticas numa posição estratégica”.

“A cirurgia modifica a anatomia das células produtoras de hormonas antidiabéticas no intestino, potencia a sua libertação para a corrente sanguínea e aumenta a probabilidade de remissão clínica da diabetes”, esclareceu.

Segundo Mariana Monteiro, a equipa analisou 114 doentes do Hospital de São Sebastião do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga (CHEDV) que tinham sido submetidos à nova técnica há cinco anos e concluiu que “a taxa de remissão da diabetes é de 70%” quando comparada com a taxa associada ao bypass tradicional, assim como a probabilidade da recaída da doença é quase “30% menor”.

“Eu vejo os doentes antes da cirurgia e depois da cirurgia. Os resultados são completamente diferentes se um doente fizer uma cirurgia ou fizer outra”, apontou a endocrinologista.

A investigação, desenvolvida “há quase uma década”, envolveu membros do CHEDV e da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS).

“Neste momento temos dados suficientes em mãos que nos permitem afirmar que se fizermos este procedimento nos doentes obesos e diabéticos vamos ter um melhor resultado em termos de tratamento da doença”, concluiu.

Fonte: Observador