Adoçantes podem causar problemas de saúde sérios
2 de Julho, 2021
ArtigosDieta

Adoçantes podem causar problemas de saúde sérios

No início deste processo questionei a equipa médica sobre a questão dos adoçantes.

Na altura não havia evidência científica que trouxesse malefícios.

No entanto, já na altura, me aconselharam que, como eu tudo na alimentação, tentasse diversificar, umas vezes xilitol, outras stévia, outras aspartame, etc…

————————–

Numa concentração equivalente a duas latas de refrigerante diet, três adoçantes artificiais aumentaram significativamente o impacto de dois tipos de bactérias intestinais.

Adoçantes artificiais comuns podem fazer com que bactérias intestinais saudáveis se tornem patogénicas e invadam a parede intestinal, podendo causar sérios problemas de saúde, revela um estudo liderado por uma universidade britânica. Os cientistas afirmam que o trabalho, já publicado na revista International Journal of Molecular Sciences, é o primeiro a mostrar os efeitos patogénicos de alguns adoçantes artificiais amplamente usados (sacarina, sucralose e aspartame) em dois tipos de bactérias intestinais: E. coli (Escherichia coli ) e E. faecalis (Enterococcus faecalis).

Estudos anteriores mostraram que os adoçantes artificiais podem alterar o número e o tipo de bactérias no intestino. A nova investigação molecular, liderada por académicos da Universidade de Anglia Ruskin, demonstrou que os adoçantes também podem tornar as bactérias patogénicas. “Essas bactérias podem ligar-se, invadir e matar células Caco-2, que são células epiteliais que revestem a parede do intestino”, explicam os autores do trabalho em comunicado publicado na quinta-feira online.

De acordo com os especialistas, bactérias como a E. faecalis, que atravessam a parede intestinal, podem entrar na corrente sanguínea e reunir-se nos gânglios linfáticos, fígado e baço, “causando várias infecções, incluindo septicemia”. Os resultados do estudo mostraram que numa concentração equivalente a duas latas de refrigerante diet, os três adoçantes artificiais aumentaram significativamente a adesão de E. coli e E. faecalis às células intestinais Caco-2 e aumentaram a formação de biofilmes.

“Bactérias que crescem em biofilmes são menos sensíveis ao tratamento de resistência antimicrobiana e são mais propensas a toxinas e factores de virulência”, moléculas que podem causar doenças, lê-se no comunicado. Os três adoçantes fizeram com que as bactérias intestinais patogénicas invadissem as células Caco-2 encontradas na parede do intestino, com excepção da sacarina que não teve efeito significativo na invasão de E. coli.

Citada no documento, a autora principal do artigo, Havovi Chichger, professora de ciências biomédicas na Universidade de Anglia Ruskin, alertou que há uma grande preocupação com o consumo de adoçantes artificiais, com alguns estudos a mostrarem que podem afectar a camada de bactérias que sustentam o intestino, conhecido como microbiota intestinal.

“O nosso estudo é o primeiro a mostrar que alguns dos adoçantes mais comummente encontrados em alimentos e bebidas – sacarina, sucralose e aspartame – podem fazer com que bactérias intestinais normais e ‘saudáveis’ se tornem patogénicas. Essas alterações incluem maior formação de biofilmes e aumento da adesão e invasão de bactérias nas células do intestino humano”, sustentou.

Num estudo anterior, a investigadora tinha já apresentado resultados sobre uma possível associação entre um elevado consumo de adoçantes artificiais e a obesidade. Os investigadores relatavam nessa altura que o edulcorante artificial, a sucralose, encontrado em alimentos e bebidas dietéticas, aumenta um transportador de glucose (GLUT4) para as células e promove a acumulação de gordura. Estas alterações estão associadas a um aumento do risco de se tornar obeso.

“A investigação num pequeno número de pessoas obesas que consomem edulcorantes artificiais descobriu que tinham mais destas células adiposas e uma maior expressão dos genes associados à produção de gordura. Quando consumidos em baixas quantidades, os edulcorantes artificiais demonstraram ajudar na perda de peso, a melhorar as condições metabólicas e até a proteger contra lesões durante a infecção. Contudo, este estudo sugere que, em vez de nos manter saudáveis, os edulcorantes artificiais, especialmente quando consumidos em doses maiores, podem estar a contribuir para a epidemia de obesidade”, escrevia Havovi Chichger num artigo do The Conversation, publicado em 2018.

Fonte: Público