Comer Devagar
Quando comemos com calma e mastigamos bem os alimentos estamos a dar tempo para que o sistema digestivo e o cérebro comuniquem de forma eficaz. A nutricionista Marta Mourão revela o tipo de informação que eles trocam.
Fazer dieta e apostar em exercício físico. É nestas duas tarefas que nos empenhamos quando decidimos que queremos emagrecer. Inscrevemo-nos num ginásio, consultamos um nutricionista, que nos prescreve um plano, e tentamos seguir tudo à risca. Se tudo correr bem e se formos disciplinados, mais tarde ou mais cedo, os resultados vão aparecer. A fórmula é esta.
Só que há pequenos pormenores que em muito podem contribuir para que esta perda de peso aconteça de forma mais eficaz. Nomeadamente, a forma como comemos: “O processo de ingestão e mastigação é essencial para o processo de perda de peso”, explica à NiT a nutricionista do Holmes Place Marta Mourão, com quem a NiT falou para perceber porque é que comer devagar ajudar a emagrecer.
Numa situação normal — quando comemos com calma e não devoramos tudo em três dentadas — aquilo que sentimos antes e depois de comer é diferente: no início temos fome e, à medida que nos vamos alimentando, esta sensação vai sendo, gradualmente, substituída por satisfação.
A nutricionista reforça esta ideia: “No período antes de ingerir uma refeição, ocorre a sensação de fome e os reflexos alimentares estão mais acentuados. Durante a refeição, a sensação de fome vai diminuindo e os reflexos vão sendo inibidos, até que, no período após a refeição, o indivíduo comporta-se de forma diferente, rejeitando o alimento, pela troca da sensação de fome pela de saciedade.”
Esta mudança de sensações dá-se sobretudo por causa do “processo de mastigação”, que, de acordo com o que descreve a nutricionista, é a fonte que estimula estes impulsos de fome ou de saciedade. O que em ambos os casos acontece é a produção de neurotransmissores: a grelina que “induz a sensação de fome” e o neuropeptódeo Y, que, por outro lado, “induz a sensação de saciedade.”
É por causa destes neurotransmissores que “comer devagar tem um papel essencial no processo de perda de peso”. Por outro lado, se comermos demasiado rápido, não deixamos que o sistema digestivo e o cérebro comuniquem de forma eficaz. Resultado: acabamos por comer mais.
De acordo com Marta Mourão, comer devagar ajuda a enfrentar uma dieta (e a emagrecer) de quatro formas.
Comer devagar “aumenta a sensação de saciedade”
Sentimo-nos mais satisfeitos, ao comermos devagar, devido à produção adequada do neuropeptídeo Y”. Segundo relata Marta Mourão, a comunicação entre o aparelho digestivo e o cérebro é mais eficaz: “Nesta comunicação o aparelho digestivo começa por dizer ao cérebro: ‘estamos com fome’. Depois de comer, ele diz: ‘já chega, já estamos saciados’.”
Comer devagar ajuda a controlar as quantidades ingeridas
“Ao mastigar calmamente, é comunicado ao cérebro de que se está a ficar saciado”, explica. Assim, não sentimos necessidade de comer mais.
Comer devagar melhora o processo de digestão dos alimentos
Isto acontece porque dá-se “uma acção mais efetiva das enzimas digestivas”, que são as responsáveis pela absorção de todos os alimentos que consumimos.”
Comer devagar resulta numa refeição calma e de forma “plena”
De acordo com a nutricionista, “refeições realizadas sob stress conduzem a uma ingestão calórica mais elevada, a um processo digestivo menos eficaz e a uma maior resistência à insulina”, que é a hormona que reduz os níveis de glicémia (açúcar) no sangue.
Fonte: NIT



