CUF e Pingo Doce querem contribuir para redução do consumo de sal
2 de Fevereiro, 2019
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CUF e Pingo Doce querem contribuir para redução do consumo de sal

Durante 12 semanas, 500 pessoas vão ser acompanhadas para analisar a quantidade de sal que consomem. O objetivo dos grupos Jerónimo Martins e José de Mello Saúde é contribuir para a redução do consumo deste produto, que tem colocado Portugal nos lugares cimeiros das mortes por acidentes cardio vasculares.

As lojas Pingo Doce e o grupo de saúde CUF lançaram esta segunda-feira a iniciativa “Menos Sal Portugal”, através da qual tencionam contribuir para o objetivo de reduzir o consumo de sal no país. Este programa nacional de sensibilização sobre o consumo excessivo de sal no país passará por um estudo científico com 500 participantes, que avaliará o impacto na saúde de um programa de reeducação alimentar de redução do consumo do sal.

Esta iniciativa parte da constatação de que “os portugueses consomem, em média, o dobro da quantidade de sal recomendada pela Organização Mundial de Saúde”. De acordo com o comunicado de imprensa divulgado esta segunda-feira, “esta prática é já um problema de saúde pública no nosso país, uma vez que o consumo de sal em excesso está associado a várias doenças, nomeadamente à Hipertensão que afeta um terço da população nacional e que, quando não controlada, pode levar a situações fatais como o AVC ou o enfarte do miocárdio”.

Este programa “tem a ambição de consciencializar os portugueses para a importância de melhorarem os seus hábitos alimentares em relação ao consumo de sal, salientando o impacto dessa mudança de comportamentos na sua saúde”. Passará pela realização de um estudo científico coordenado pelos investigadores Conceição Calhau, professora da Nova Medical School, e Jorge Polónia, professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Serão recrutados 500 voluntários entre os 20 e os 70 anos da área metropolitana de Lisboa que, durante três meses, entre março e maio, irão integrar um programa de educação alimentar que visa a redução do consumo do sal, sendo acompanhados e orientados por equipas especializadas. O estudo tem como objetivo avaliar o impacto destas alterações na saúde dos participantes e consequentemente na saúde dos portugueses.

Os promotores desta iniciativa citam alguns dados que atestam a dimensão do problema no mundo e, especificamente em Portugal: todos os anos morrem 2,3 milhões de pessoas devido a doenças cardiovasculares provocadas pelo consumo de sal; há 2 milhões de hipertensos em Portugal, segundo o estudo PHYSA – Portuguese Hypertension and Salt Study sendo que apenas 50% destas pessoas sabem que sofrem da doença, apenas 25% estão medicadas e só 11% têm a tensão arterial controlada; e a OMS recomenda o consumo máximo diário de 5 gramas de sal para um adulto e de até 3 gramas diárias para as crianças, mas, segundo Jorge Polónia, “de acordo com o estudo PHYSA – Portuguese Hypertension and Salt Study, o consumo de sal na população portuguesa é de 10,7 gramas, o que corresponde ao dobro do consumo máximo recomendado”.

Para Pedro Soares dos Santos, líder do grupo Jerónimo Martins, esta parceria, que partiu de um convite do grupo José de Mello Saúde, faz todo o sentido. “Saúde e alimentação são dois negócios que vivem lado a lado”, afirmou na apresentação do programa na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.

O grupo de distribuição tem feito algumas experiências nas lojas com produtos sem sal da marca Pingo Doce. “Já retirámos 70 toneladas de sal nos últimos 8 ou 9 anos dos nossos produtos, mas não podemos tirá-lo de um dia para o outro porque senão as pessoas deixam de consumir. Nós fizemos isso no açúcar para os produtos de criança e as pessoas deixaram de consumir, houve produtos que deixaram de se vender, temos de ir ajustando”, explica o líder da Jerónimo Martins.

“Não é fácil, temos muito pão sem sal mas não tem grande venda, ainda assim nós insistimos mesmo perdendo dinheiro porque é uma questão de educação”, acrescenta o líder do grupo Jerónimo Martins. “Temos esta obrigação de preparar as futuras gerações”, adiantou, referindo que esta iniciativa se integra na estratégia de responsabilidade social do grupo.

Salvador de Mello adianta que “Portugal tel uma esperança média de vida que está na média europeia mas tem uma vida saudável pior a nível europeu. E a alimentação contribui decisivamente para isso”, uma constatação que, segundo o presidente da José de Mello Saúde, justifica a parceria agora anunciada.

Fonte: Expresso